Saturday, May 17, 2008

MARIA DORA BONADIES VECCHIO - ENTREVISTA

CORREIOS - SUPLEMENTO DE NOTÍCIAS N° 203, PÁG. 4 e 5

Brasília-DF, 23 de outubro de de 1992

ESSA GENTE MARAVILHOSA QUE FAZ CORREIOS


ENTREVISTA

Simples, calma, tranqüila e bonita - é essa a imagem que se tem ao conhecer Maria Dora Bonadies Vecchio -, uma paulista que faz de tudo um pouco, e bem feito. Fez CORREIOS durante 12 anos - de 58 a 70 -, depois ingressou nos caminhos diplomáticos que a levaram à Itália - berço dos seus antepassados - mas, o amor aos CORREIOS nunca deixou o coração desta telegrafista que ainda hoje canta o Hino aos Carteiros ( de sua autoria) com voz afinada e muita emoção.

MARIA DORA, UMA PÉROLA CULTIVADA NO TRABALHO DEDICADO AO PRÓXIMO


Quem conhece Maria Dora logo se apaixona pelo seu jeito gostoso de olhar e falar, que transmite muita força e muito amor à vida e ao próximo. Fico imaginado que os CORREIOS sempre foram contemplados com gente assim, cheias de vida para dar às pessoas, e por isso ele é hoje a grande Empresa Brasileira que faz Correios no Brasil. Contemplado ou presenteado, não sei qual é a palavra certa, mas tanto faz, o certo é que Deus tem trazido para os nossos correios as pessoas de que aqui Ele precisa.
Quando Dora chegou à redação, foi amor à primeira vista. Trazia na mão o Hino aos Carteiros do Brasil - que, afina, foi o que fez o POSTALIS mandá-la "de presente" pra nós, da Administração Central - e foi um presentaão! Descobrir nessa pequena mulher um mundo de emoções e grandes lutas é uma tarefa fácil e gostosa, ela adora falar ( como boa descendente de italianos), o que fica difícil é contar tudo isso num espaço tão pequeno. O que talvez encante mais é que, de tudo o que ele já fez na vida, o que a marcou mais foi "fazer Correios" ( que nem a gente).
A sua história está ligada à cidade de São Paulo, no Bairro da Penha, onde começou a trabalhar aos 15 anos. Casou-se aos em 1939, e continuou trabalhando para ajudar nas despesas. Era bordadeira e confeccionava roupas de cama e de bebes. Em 51 montou na sala de sua casa uma escola, conseguiu os bancos escolares e alfabetizava crianças carentes do bairro. Mais tarde prestou concurso e foi trabalhar na Legião Brasileira de Assistência, depois numa indústria têxtil. Para conseguir mais dinheiro, pois seu marido estava doente, confeccionava diplomas ( é calígrafa), chegando a fazer alguns com tinta de ouro.
Foi nessa época que a Sociedade amigos do Bairro de Vila Marieta pleiteou um Posto de Correios, que fou autorizado em fevereiro de 1958. Inaugurado em 28 de julho daquele ano, o Posto de Correio de Vila Marieta começou a funcionar na sala de Maria Dora, na Rua Anita Saba nr. 12. "Naquele tempo, encarregado de Posto não recebia salário, mas comissão de 10% sobre venda de selos ( um prenúncio do nosso atual sistema de franchising?) e não havia carteiros, a Posta Restante atendia 41 vilas. Para melhor divulgação, no início eu fazia uma relação dos destinatários e mandava meus dois filhos avisarem aos interessados. Era gente que vinha descendo morro, alegres...
Para um Posto passar a Agência, tinha que conseguir uma renda de 24 mil cruzeiros em um ano, mas de agosto a dezembro daquele ano Dora conseguiu arrecadas 64 mil e já poderia transformar o Posto em Agência. Em 21 de julho de 1960, saiu a publicação da nomeação de Maria Dora Bonadies Vecchio como telegrafista - nível 12, e ela teve que ir trabalhar no Correio Geral, sua filha foi nomeada como encarregada no dia 1° de agosto de 1960 e ficou cuidando do Posto de Vila Marieta. Qunado o Posto passou a Agência, Dora foi nomeada Titular da mesma. E assim se passaram dez anos até que a Ag^^encia foi fechada porque dora não dispunha mais da sala. Ela continuou no DCT até ser lecenciada por causa de um acidente. Qunado voltou a trabalhar foi para o DENTEL sendo removida para Brasília. Aqui, aos 54 anos, conseguiu fazer o supletivo de 2° grau e prestar concurso de Agente Administrativo, ingressando no Itamaraty. Estudou com afinco o italiano e foi removida para a embaixada do Brasil na Itália. Lá, durante 12 anos, morou com sua filha na Piazza Navona, fêz muitos amigos, colaborou com o Centro de Estudos Brasileiros e, finalmente, resolveu: pediu a aposentadoria e voltou para o Brasil.
Hoje, aos 72 anos, 4 filhos, 10 netos e 2 bisnetas, Maria Dora continua apaixonada pelso Correios. Se você a encontrar e disser onde trabalha, vai ganhar uma amigona. E, se além de trabalhar nos Correios gostar de música, vai ouvir o Hino aos Carteiros que ela compôs em agosto de 1965, a pedido de um carteiro da DR de São Paulo, e que em breve nós iremos divulgar ( porque isso será uma outra matéria). Foi exatamente isso que aconteceu na AAC - associação dos aposentados dos Correios, onde Dora foi recepcionada pela Diretoria e ficou conhecendo o pessoal de Brasília. Ela vibrou com a Associação, cantou, e prometeu compor o hino dos aposentados dos Correios.
Ao se despedir, ela deixou uma lição de vida - a de que "fazer Correios" é mais que um simples trabalho, é dedicação, amor, entusiasmo, vigor e vibração, muita vibração, não importa o tempo que passe. "Lili Pinheiro".


P.S.: Texto reproduzido em 18 de maio de 2008. Maria Dora Bonadies Vecchio faleceu em maio de 1997, na condição de aposentada como Oficial de Chancelaria do Serviço Diplomático Brasileiro.

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