Monday, August 25, 2008

BAURU TRADICIONAL, A SUA HISTÓRIA (Receita)

Muitas pessoas no mundo todo saboreiam o sanduíche Bauru e nem imaginam que o lanche foi batizado com este nome por causa de um bauruense. A receita, embora simples e hoje conhecida internacionalmente, foi inventada em 1933 pelo então radialista Casimiro Pinto Neto, o Bauru, apelido que recebeu dos amigos quando chegou à capital por causa da sua origem.

Casimiro na época era um dos freqüentadores da famosa lanchonete paulistana - o Ponto Chic - instalado no largo do Paissandu, considerado naquela época o centro novo e elegante de São Paulo.

Numa noite, chegando atrasado ao Ponto Chic para uma partida de sinuca, Casimiro quis comer algo rápido e substancioso. Chamou Carlos, o principal sanduicheiro da casa, e orientou: "Abra um pão francês, retire o miolo e ponha dentro queijo derretido". Enquanto Carlos anotava, Bauru comentou: "Está faltando proteína nisso". Deu então a ordem: "Acrescente umas fatias de rosbife". O sanduicheiro se afastava quando Bauru completou a receita: "Carlos, bota também umas fatias de tomate".


Quando Bauru estava comendo o segundo sanduíche chegou um amigo e pegou um pedaço de seu lanche - gostou - e gritou para o garçom, "Me vê um destes do Bauru." A partir daí os amigos foram experimentando e o nome foi ficando. Todos quando iam pedir falavam: "Me dê um do Bauru", "...me dê um Bauru", e assim ficou o nome para o sanduíche inventado por Casimiro Pinto Neto - Sua Excelência - o BAURU.

Com a intenção de deixar o lanche ainda mais saboroso, os chefes de cozinha foram adicionando, nas últimas décadas, novos ingredientes à receita original do Bauru. Assim, o lanche passou a incluir, além de tomates frescos, fatias de pepino curtido em vinagre de vinho branco (picles) e vários tipos de queijo.

Receita original

Ingredientes

> 250 gramas de uma peça de lagarto
> 80 g de queijo prato
> 80 g de queijo suíço
> 80 g de queijo estepe
> 10 g de queijo provolone
> Água o quanto baste
> 1/2 colher de sopa de manteiga
> 6 rodelas de tomate
> 6 fatias de pepino (antes de usar o pepino, deixe-o por quatro dias em uma conserva de vinagre de vinho branco).
> 3 pães franceses
> Sal a gosto

Preparo

Aqueça bem uma chapa de ferro (ou assadeira) no fogão e coloque a carne de lagarto, inteira, sem nenhum tempero. Vire-a seguidamente para que vá assando com uniformidade, até formar um centímetro e meio de carne bem assada, com o centro rosado. Depois de pronto o rosbife, corte-o em fatias bem finas.

Fatie os queijos. Leve uma panela ao fogo, com três copos de água. Acrescente a manteiga e aqueça, até que se forme uma camada de óleo por cima. Abaixe o fogo. Coloque na água o queijo provolone. Junte depois os outros queijos, aos poucos, mexendo sempre e acrescentando água quando necessário, até que se forme uma pasta uniforme.

Corte o pão ao meio, no sentido do comprimento. Em uma das partes, coloque quatro fatias do rosbife, temperadas com sal (na hora). Sobre o rosbife, disponha duas rodelas de tomate e duas fatias de pepino. Retire um pouco do miolo da outra parte do pão e acrescente um terço do queijo fundido, quente. Feche o sanduíche e corte sem sentido diagonal.

Repita o procedimento com os outros dois pães e sirva imediatamente.

Saiba mais acessando o site www.sanduiche.baurusp.com.br

Mais detalhes da história do bauru

Henrique Perazzi de Aquino (*)

A história do famoso sanduíche, que leva o nome da cidade de Bauru é mais ou menos do conhecimento de todos. Sua comercialização está
difundida pelos mais diferentes pontos comerciais, Brasil afora.

Cardápios de restaurantes e letreiros internos de bares, por tudo quanto é canto oferecem o sanduíche. São tantas as mudanças que poucos
conhecem como se faz o bauru original. Os puristas afirmam que o prato deve ser preparado com pão francês sem miolo, queijo derretido em banho-maria,rodelas de tomate, fatias de rosbife e e de pepino em
conserva.

O bauru foi criado na lanchonete do Ponto Chic, fundada em 1922. Em pouco tempo, a receita espalhou-se pelo Brasil e exterior. Hoje, o sanduíche pode ser apreciado em lanchonetes da Europa. A cidade
homônima, envaidecida agradece, retribuindo à sua maneira tamanha
benesse.

Bauru, a cidade, a 350 quilometros da capital paulista, berço do criador, Casimiro Pinto Neto, o reverencia anualmente numa festa de grande apelo popular, a Festa do Sanduíche Bauru. Ela ocorre simultaneamente com o
aniversário da cidade, em 1º de Agosto, de 111 anos.

Uma grande tenda foi montada no parque Vitória Régia, o cartão-postal da cidade. Em dois dias, foram vendidos mais de 8000 lanches, elaborados a partir da receita original. Debaixo da lona, seis barracas,
cada uma de uma instituição social, recebiam o lanche previamente preparado por uma cozinha piloto, Tudo "de acordo com os bons costumes do lugar". Um deleite, vendido por 5 reais. A festa teve o
encerramento antecipado, pois o estoque de baurus se esgotou antes do previsto.

Quem ri de orelha a orelha é Helerson Balderramas, presidente do Comtur (Conselho Municipal de Turismo), que conseguiu tirar do papel uma
antiga aspiração, acalentada há quatro anos: a de criar uma
certificação para os estabelecimentos que revendem o bauru da receita original. "A idéia foi resgatar o modo de preparo e os ingredientes
básicos, sempre respeitando o diferencial de cada estabelecimento. A
certificação veio para preservar a identidade do sanduíche e sua
tradição, credenciando os estabelecimentos que respeitem a forma correta de prepará-lo", afirma, orgulhoso, Balderramas.

A certificação foi sendo amadurecida nos últimos anos, até ganhar forma. E virou uma jogada de marketing não só para estimular a venda do sanduíche, mas para promover a cidadedo interior paulista. Os cinco
primeiros estabelecimentos a receberem a Certificação são as três lojas do Ponto Chic, em São Paulo e os bauruenses, Skinão Bar, que há 34 anos preserva a receita e Bar Aeroporto, há 14 anos no Aeroclube.
"Tinha que estar por aqui, pois o Ponto Chic é a mais famosa cara do bauru, não dando para dissociar um do outro. Somos uma espécie de embaixada do bauru e de Bauru em São Paulo. Volto sempre que me convidam e nesse ano trouxe um presente para o museu e a cidade, uma placa contando nossa trajetória", conta José Carlos Alves de Souza, o proprietário do lendário Ponto Chic.

Marquinhos Sanches, filho do Zé do Skinão, que garantiu a venda do original na cidade por décadas, estava radiante: "A certificação, para nós, que
há mais de 30 anos servimos o verdadeiro bauru, só credencia mais o serviço". Também certificado, Fernando Improta, diz que o lanche é o
carro-chefe no Bar Aeroporto: "Por lá passam muitos aviadores que se
assustam, pois o bauru não é o misto-quente que eles comem em outras cidades". Todos passaram pela avaliação do Comtur e receberam o Selo
de Autenticidade, cobiçado por muitos outros estabelecimentos. Um
comerciante de Feira de Santana BA, saiu dizendo: "Vim pensando em conseguir uma espécie de franquia e vi que a coisa não girava por aí.
Contagiei-me ainda mais". Todo o processo de certificação deve
necessariamente ser iniciado pelo site
www.sanduiche.baurusp.com.br. Para obter o certificado, o solicitante enfrenta cinco etapas, inclusive a visita in loco de uma comissão avaliadora do sanduíche. O certificado é publicado no Diário Oficial.

Paralelo à certificação e à festa, o secretário municipal de Cultura, José Augusto Ribeiro Vinagre, acompanha, com muita atenção, outra documentação, a enviada ao IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional), com o pedido de reconhecimento como bem imaterial e patrimônio cultural do país. "Inicialmente pedimos o registro, mas
ele não é patente de origem. O que importa são os rituais valorizados e, se possível preservados. É isso que buscamos preservar", afirma
Vinagre.

Também de olho na difusão da marca e na atração de turistas para o município, o supermercadista Jad Zogheib tornou-se um dos idealizadores do Projeto Bauruzinho, que revende camisetas e bonés, com renda revertida
para entidades assistenciais. Zogheib circula pela festa a planejar novos saltos. "Criamos um personagem, o Bauruzinho, de grande poder de convencimento. A marca lembra a cidade e essa fusão é benéfica para todos. Os dois Baurus são ótimos filões", explica o comerciante.

No documento recebido do IPHAN, assinado por Ciane Feitosa Soares consta que "tal como o cachorro-quente, de origem alemã, o hambúrguer,
criação americana, situa-se o bauru. E em oposição aos sanduíches e refrigerantes americanos, o bauru é muitas vezes associado ao guaraná,
no sentido da valorização dos produtos nacionais. É uma expressão do multiculturalismo nas megacidades".

Durante a festa, o músico Bitenka entoava "Parabéns, meu Bauru/ És grande cidade/ Parabéns, meu bauru/Confiabilidade.", misturando os dois Baurus, em algo já feito lá atrás por Cazuza e João Rebouças, na música Garota de Bauru, quando dizia que "A garota de Bauru/ Não é um sanduíche/ A garota de Bauru/ Não é um personagem triste". Não escapou
a lembrança de um deputado carioca, a conclamar tempos atrás:
"Valorizemos nossos produtos nacionais.
Vamos comer a broa de milho, o bauru, o pão de queijo..." O bauru agora é grife.


(*) Henrique Perazzi de Aquino é jornalista da Carta Capital

Conheça o Programa de Certificação do Tradicional Sanduíche Bauru

O Programa de Certificação do Tradicional Sanduíche Bauru consiste na inscrição de estabelecimentos que produzem o tradicional sanduíche que levou o nome da cidade para o Brasil e exterior.

A certificação cabe ao solicitante que em seu estabelecimento faz o uso da denominação do sanduíche considerando a receita e o modo de preparo tradicional. Ao final do processo a empresa receberá um selo com as inscrições “Sanduíche Bauru Tradicional: Estabelecimento Certificado”.

Ao receber a certificação o estabelecimento assume o compromisso de garantir a tradição da receita, contribuir com o COMTUR no resgate cultural do sanduíche como patrimônio nacional, garantir a qualidade do produto e participar das atividades para sua divulgação, assim como incentivar o seu consumo.

Para a elaboração do Sanduíche Bauru Tradicional, os ingredientes utilizados são: pão francês (sem miolo), queijo derretido em água quente ou banho-maria, tomate em rodelas, rosbife e pepino em conserva (opcional), utilizando o mesmo modo de fazer do sanduíche original.

O investimento para a certificação ocorre por conta do estabelecimento solicitante. Transporte, hospedagem e alimentação - para dois integrantes da comissão de auditoria - Primeira visita e visita de avaliação a cada 6 meses. A hospedagem é combinada, conforme a distância e a possibilidade de ida e volta no mesmo dia. O meio de transporte também deve ser combinado de acordo com a localidade; Selo em uma placa de acrílico e PVC - Uma unidade.

Para obter o certificado, o solicitante passa por uma etapa de cadastro e apresentação de documentos do estabelecimento, segue formulário anexo. Outra etapa é a análise da documentação, visita técnica para avaliação, aprovação e entrega da certificação, que será publicada no Diário Oficial do Município.

O COMTUR se responsabiliza pelas ações preventivas e corretivas junto aos estabelecimentos certificados. As visitas pela comissão de monitoramento ocorrerão semestralmente e a renovação do cadastro será a cada dois anos.

Com a finalidade de divulgar o Programa de Certificação proporcionando acesso aos empresários do setor de A&B (Alimentos e Bebidas) do Brasil, o COMTUR elaborou um website com informações sobre a história, a receita tradicional, o processo de certificação e os estabelecimentos certificados.

Para maiores informações visite o site: http://www.sanduiche.baurusp.com.br

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